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Crianças que choram na escola: Como a metodologia Montessori pode ajudar as famílias nessa fase

O período da adaptação escolar pode ser cheio de desafios, especialmente para as crianças menores, acostumadas a conviver quase que exclusivamente em seu círculo familiar. Nesse contexto, a criança precisa se acostumar com um universo totalmente novo, com pessoas, ambientes, dinâmicas, cheiros diferentes. Além dessa separação ser um fator potencialmente estressante para a criança, ela pode fazer com que os cuidadores também se sintam inseguros e ansiosos nessa fase.

Se você já passou – ou está passando – por ela, sabe que deixar sua criança aos prantos em um lugar que ela não conhece, não deveria ser uma opção. Por isso, na metodologia Montessori, esse tipo de atitude não é encorajada. Saiba como a prática montessoriana pode ajudar a família a passar por esse processo e descubra como deixá-lo menos estressante para todos.

Por que as crianças choram na escola?

A separação dos pais ou dos principais cuidadores é um momento em que tanto a sensibilidade como a vulnerabilidade da criança são acionadas. Afinal, nessa fase, qualquer ambiente diferente do que ela já está acostumada pode despertar muitas emoções.

Além disso, muitas vezes, essa é a primeira vez em que as crianças vivenciam a separação dos seus principais cuidadores por um período mais longo. Então, o choro surge como um mecanismo natural do corpo para lidar com a alta carga de estresse dessa experiência.

A teoria do apego também sugere que a construção de vínculo seguro entre pais e filhos pode ser um facilitador nessa fase. Ou seja, quanto mais seguro é o vínculo das crianças com os pais, mais positivas serão as expectativas sociais desenvolvidas por elas, facilitando o estabelecimento de relações com outras pessoas.

Agora, é importante que os pais saibam que o choro das crianças para ficar na escola não acontece somente na época da adaptação. Elas podem passar por essa fase várias vezes ao ano, nos momentos em que retornam para a escola após um período mais longo em casa. Isso pode acontecer na volta das férias, de um período de afastamento médico ou, até mesmo, na volta de um feriado prolongado.

Os pilares da prática montessoriana

Os três pilares da prática montessoriana são importantes para lidar com o choro: o cuidado de si, o cuidado com o outro e o cuidado com o ambiente. E eles não devem ser colocados em prática apenas pela escola e pelos professores. Ao contrário, devem ser estimulados e seguidos também pela família. Veja como eles podem ajudar nesses casos:

Cuidado de si

Aprender a reconhecer as necessidades físicas, emocionais e psicológicas e nomear os sentimentos com assertividade, respeito e carinho fazem parte do pilar de cuidado consigo. Essa capacidade é valiosa, mas é fundamental que os adultos envolvidos também desenvolvam essas habilidades, já que as crianças também aprendem pelo exemplo.

Cuidado com o outro

Somos seres sociais e deveríamos ser preparados, desde sempre, a conviver com o diferente através do respeito e da afetuosidade. A partir do momento em que respeitamos a individualidade do outro, validamos e legitimamos os sentimentos e necessidades dessa pessoa. No cuidado com o outro, o tempo que cada indivíduo precisa para se sentir adaptado a uma situação é um dos fatores de maior importância. Por isso, ele deve sempre ser considerado e respeitado.

Cuidado com o ambiente

Na educação montessoriana, o cuidado com o ambiente diz respeito a tudo que está em um espaço físico, mas que não é, necessariamente, um sujeito. Isso significa que, além do espaço ser seguro e acolhedor, a cultura presente nele também precisa ser de afeto e acolhimento. Ou seja, o choro e a ansiedade de separação não podem ser vistos como algo banal, que vai se resolver com o tempo ou com a exaustão da criança. O acolhimento e a sensação de segurança são fundamentais para construir – e manter – um ambiente equilibrado e saudável para todos.

Como a criança pode ser preparada para esse momento?

Há algumas estratégias que podem ser postas em prática para tornar essa fase menos estressante e mais acolhedora, inclusive para crianças que convivem exclusivamente com a família.

Os pais podem e devem fazer visitas prévias à escola, de preferência, levando a criança junto para conhecer o local e as pessoas que lá trabalham. A criança pode ser deixada à vontade para explorar o ambiente e conversar com as professoras e com as outras crianças, de forma gradual.

Familiarizar-se com o espaço, com a equipe e com os futuros colegas na companhia dos pais, pode aumentar a sensação de segurança e proteção. Outro fator importante que não tem, necessariamente, relação com a escola, mas pode facilitar o período de adaptação, é tirar a criança da bolha familiar. Isso significa que passeios e visitas na companhia dos pais são ótimos aliados para apresentar e introduzir outros ambientes e pessoas na vida da criança.

Fortaleça a autonomia da criança

A independência e a autossuficiência são características muito valorizadas na vida adulta, mas é na infância que elas devem ser encorajadas. Por isso, a metodologia montessoriana orienta que os pais fortaleçam a autonomia da criança desde cedo. Isso significa dar espaço para a criança observar, aprender e fazer as coisas por si só, com segurança.

A autonomia vai se construindo aos poucos, desde conseguir alcançar objetos em ambientes previamente pensados, até na realização de pequenas tarefas diárias. Por isso, escolher e vestir a própria roupa, cuidar dos brinquedos, arrumar a mochila, entre outras pequenas responsabilidades, são ótimas para os pequenos. Deixar que a criança faça suas próprias escolhas aumenta a sensação de pertencimento e de responsabilidade.

Crie uma rotina consistente

Vários dos nossos medos e angústias têm uma origem em comum: a ansiedade em lidar com o desconhecido ou inesperado. Pensando nisso, criar uma rotina consistente durante a semana pode ser uma estratégia eficaz para diminuir a ansiedade da criança. Ou seja, é meio caminho andado para que ela se prepare emocional e psicologicamente para ir à escola em determinados dias e horários.

Proporcionar previsibilidade de acontecimentos para a criança é uma boa prática para que ela se sinta segura. A rotina familiar pode ser estruturada em horários pré-determinados ou em uma sucessão de eventos. Mas, independentemente da escolha, deve programar horários regulares para acordar, comer, brincar, ir à escola, descansar, tomar banho, entre outras atividades.

Promova a comunicação sincera, aberta e respeitosa

Escutar a criança e validar seus sentimentos é essencial para promover uma comunicação sincera, aberta e respeitosa com ela. Por isso, se seu filho estiver com medo de ir para à escola, escute-o, valide e acolha esse sentimento. Afinal, como já comentamos, essa transição pode despertar um elevado grau de ansiedade.

Oferecer apoio emocional, tirar as dúvidas, demonstrar que a escola é um local seguro, confiável e com pessoas acolhedoras, pode ser uma boa estratégia. Além disso, ajudar a criança a reconhecer e lidar com as próprias emoções, como o medo ou a vergonha, também pode ser valioso. Explicar como ela pode se proteger é tão valioso como a encorajar a enfrentar esses medos de uma forma mais racional. Mas, para isso, é fundamental que os pais também saibam reconhecer, nomear e lidar com esses sentimentos quando os vivenciam na própria rotina. Inclusive, quando eles acontecem durante a escolha e contratação da escola.

Seja parceiro da escola na aplicação da metodologia Montessori

Não adianta querer que a criança seja autônoma se ela só pode escolher coisas ou ter um certo grau de independência durante o tempo que passa na escola. Por isso, o ambiente familiar precisa ser parceiro na aplicação da metodologia montessori. Se a escola é montessoriana, mas a família é autoritária, a criança pode se sentir perdida e essa relação, certamente, não vai funcionar.

Claro que alguns pais podem desconhecer a prática desenvolvida por Maria Montessori, mas a curiosidade e a sinceridade genuína em aprender mais sobre esses ensinamentos devem existir. Para isso, os pais podem se envolver ativamente na vida escolar, participando de reuniões, workshops e eventos da escola. Outra boa prática é ler e estudar sobre o tema.

Por fim, os pais precisam ter em mente que, por mais que se esforcem e façam muito, não são suficientes para o completo desenvolvimento dos filhos. As crianças precisam da independência e do contato com outras pessoas para se constituírem enquanto seres humanos. O ambiente escolar deve ser um desses espaços seguros e sadios, que possibilitam que as crianças desenvolvam a própria personalidade enquanto descobrem a diversidade presente no mundo.

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