Existe uma ansiedade crescente por mudanças significativas na sociedade. Especialmente em relação às mulheres. Quando há grande ansiedade por mudança, uma das formas mais eficazes de aliviar a angústia é agir. É fazer com que a mudança aconteça.
Foi na esteira dessas noções que Maria Montessori criou seu método educativo. Além de uma brilhante pesquisadora, foi também uma feminista ativa, ou seja, agia diariamente com o propósito de fazer a diferença que tanto desejava.
Então, nos deparamos com um dos maiores obstáculos às tão necessárias revoluções no cenário atual: a liquidez do tempo. Isso significa que nada parece feito para durar, nem mesmo a indignação.
Por isso, quando estamos diante de problemas historicamente estabelecidos e de poderes como executivo, legislativo e judiciário — que protegem acima de tudo a si mesmos—, precisamos pensar além do agora e dos ocorridos cotidianos, sem deixar de repudiá-los. Dessa forma, para produzir uma mudança significativa e evitar absurdos como a impunidade em casos comprovados de estupro, se faz indispensável percebermos nossa ação política diária, a forma como convivemos.
Mais do que tudo, é importante que a indignação que os eventos desse julgamento desencadearam não seja passageira.
Já somos em maior número e agora precisamos reconhecer nosso potencial de produção de mudanças grandiosas, que levam tempo, mas exigem esforço e continuidade. Afinal, esse é o ponto de partida para qualquer mudança: reconhecer nossa força, a força dos pequenos atos e o poder da cidadania.