Quantas vezes você empresta suas roupas? E, para quem? Você costuma emprestar seu carro? E seu dinheiro? Convida as pessoas para irem a sua casa e autoriza a mexerem em seus pertences mais caros? Suas visitas costumam frequentar seu quarto? Quanto tempo do seu dia você passa sendo empático e altruísta? Imagino que para a maior parte dessas perguntas, sua resposta é não, ou algo da ordem da raridade, ações geralmente restritas à relações de grande intimidade e amizade.
Mas, você que tem crianças em casa e/ou, eventualmente, frequenta casas com crianças, observa que, frequentemente, exigimos que eles emprestem seus bens mais preciosos, sem manifestar desconforto? E, quantas vezes esperamos que emprestem e se divirtam com crianças que mal conhecem, apenas por que nós temos uma boa relação com seus pais?
Discursos sobre empatia, desapego e solidariedade são realmente belos e inspiradores, mas, quando não praticamos o que dizemos, nossos filhos percebem. Uma das grandes descobertas acerca do desenvolvimento infantil foi sobre a capacidade que a criança tem de absorver todos os elementos da realidade ao seu redor, através das experiências que vive. Ou seja, você ensina muito mais quando vive e se relaciona com a criança e/ou próximo a ela, do que com orientações faladas.
Portanto, se te parece importante estimular a solidariedade, a empatia e a amizade como valores da família, vivencie isso em sua vida adulta e permita que as crianças vejam você agir assim, com verdade e naturalidade, porque o radar infantil é realmente eficaz e capta até a mais sutil das ações inautênticas.