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Como um educador montessoriano contribui para um mundo melhor?

Como um educador montessoriano contribui para um mundo melhor?

O Dia do Professor é uma data especial em todas as escolas. Para o Método Montessori, não seria diferente. Ou melhor, é um pouco diferente, sim: aquele adulto que está em meio às crianças vai muito além do ensino do alfabeto e das operações matemáticas.

Para explicar como um educador montessoriano contribui para um mundo melhor, é preciso olhar mais a fundo quais são os fundamentos da educação montessoriana e como o ser humano, seja ele da idade que for, é visto.

Justamente por valorizar esse papel tão importante dentro e fora de sala de aula, escolhemos escrever sobre esse assunto. Afinal, quando falamos de “professores” estamos falando de uma missão que impacta diretamente a vida de cada um de nós, porque todos já fomos à escola um dia.

Siga lendo para conferir o artigo completo!

Quem é o educador montessoriano?

Na educação montessoriana, logo aprendemos que o professor ganha outras definições, sendo chamado de guia ou educador. Essa diferenciação existe para deixar claro que a função dele não é apenas de ensinar, mas sobretudo de se relacionar com as crianças de forma exemplar.

Se pararmos para refletir, o que faz um guia? Um guia é uma pessoa que mostra o caminho, ao mesmo tempo que oferece uma direção — seja ela moral, intelectual ou espiritual. Desse modo, um guia no Método Montessori cumpre a função de ouvir, apoiar e conduzir no caminho que as crianças desejam e precisam.

O educador deve se empenhar em cultivar competências essenciais ao seu papel. Além da formação específica requerida pela metodologia, antes de tudo deve ser um indivíduo curioso e ter ânsia por descobrir, para que possa alimentar a curiosidade natural da criança. Se para o adulto a investigação é um processo prazeroso, a chance da criança também ver dessa forma é grande.

O autoconhecimento é outra palavra-chave. Um adulto que pratica o autoconhecimento está em contínuo aperfeiçoamento e passa a respeitar o seu processo de autoeducação. Ao interagir com a criança, também enxerga nela alguém capaz de aprender no seu próprio ritmo, entendendo que cada uma tem suas competências e dificuldades únicas.

O educador montessoriano na sala de aula

Na sala de aula montessoriana, o foco do processo de aprendizagem é a criança. Entende-se que ela aprende quando passa a ter contato com estímulos visuais, olfativos, auditivos e palpáveis. Desse modo, com regulares estudos teóricos e práticos, o adulto deve ser um grande conhecedor das necessidades infantis e da natureza humana.

Em outras palavras, o educador é um facilitador da evolução de cada criança e da turma. Para isso, vale-se de técnicas como a observação e a escrita. Ou seja, o guia intervém somente quando percebe que uma criança ou uma situação precisa do seu auxílio. Essa prática, que pode parecer simples à primeira vista, demanda treinamento intelectual, prático e emocional.

Se fôssemos resumir a uma única tarefa, o educador, na sala de aula, dedica-se a acompanhar a criança e fornecer os instrumentos de que necessita para evoluir. Dessa forma, nutre-se entre um educador e uma criança uma relação de colaboração, não de autoritarismo. O educador não é a principal figura na sala de aula, mas um incentivador do autoaperfeiçoamento de cada indivíduo.

Os pilares da metodologia montessoriana

O guia deve conhecer a fundo quais são seis os pilares da metodologia montessoriana: autoeducação, educação como ciência, educação cósmica, ambiente preparado, adulto preparado e criança equilibrada.

Os pilares são imprescindíveis para que haja real espaço para a criatividade natural da criança vir à tona, porque é dela que derivam a aprendizagem e a autonomia. Para isso, ações como tocar, mexer, explorar, montar e pegar na mão são estimuladas, indo de encontro à postura infantil passiva característica da linha tradicional de ensino.

Os princípios que regem a atuação do educador em Montessori

A italiana Maria Montessori, criadora da metodologia, deixou claras orientações sobre como deve ser a relação entre o educador e a criança. Para atuar em escolas que escolham o método montessoriano, o educador deve agir a partir de princípios estabelecidos.

Entre os tópicos abordados, está o respeito à criança em todas as ocasiões, a prontidão em ouvi-la e respondê-la, o auxílio àquelas que estão à procura de uma atividade, a ação assertiva ao se deparar com comportamentos que prejudiquem o ambiente ou outras crianças e a demonstração do manuseio correto dos materiais sensoriais e objetos.

Também fica claro que o educador não deve tocar na criança (a menos que seja convidado por ela), nem deve falar mal dela direta ou indiretamente. O foco do guia deve ser contribuir para o desenvolvimento das habilidades naturais da criança.

Além disso, cabe ao educador respeitar a criança que escolhe descansar por um momento ou decide parar para observar o trabalho dos outros ou o seu próprio. Outro princípio que merece destaque é o de sempre tratar a criança a partir das boas maneiras, oferecendo o melhor sorriso e humor.

O respeito e os limites

O educador que trabalha a partir do Método Montessori respeita a criança em sua essência, uma vez que a reconhece como agente do seu próprio desenvolvimento. Quando o processo educativo é visto por esse ângulo, cria-se uma relação de empatia e respeito um pelo outro.

A clareza sobre os limites, entretanto, também é parte fundamental da educação proposta pela metodologia. É dever do educador agir com firmeza ao presenciar o uso indevido de recursos ou um desrespeito aos colegas. Sua tarefa é ser assertivo nesses momentos, deixando claro o que é e o que não é tolerado em sala de aula.

Ao mesmo tempo em que independência é um conceito bastante valorizado na metodologia Montessori, disciplina também é, porque só a partir de limites bem definidos é que se torna possível às crianças aprenderem a fazer valer da liberdade de uma forma positiva.

É uma tarefa do educador, por exemplo, apresentar às crianças a necessidade e a importância de guardar os materiais ao final de uma atividade. O cuidado com o ambiente também deve ser explicado pelo adulto.

A correção dos erros

Os materiais multissensoriais utilizados nas atividades montessorianas foram criados para que a criança trilhe o caminho de chegar sozinha ao erro e perceba como ela mesma pode corrigir. Portanto, a presença do educador serve para incentivar o aprendizado seguindo esse processo.

Nos casos em que a criança não pede explicitamente por ajuda, o guia deve observar qual é o momento para intervir. Ao perceber os sinais de que algo está errado, deve buscar a melhor maneira de agir para estimular uma ação da própria criança. Quando o pequeno não consegue escolher um brinquedo, o educador deve ajudá-lo a decidir.

Independentemente da circunstância, o erro é entendido como uma etapa para o aprendizado. Sendo assim, uma criança nunca deve ser tratada de maneira rude ou vergonhosa porque errou. O modo correto de agir é fornecer suporte, direcionamentos e materiais, para que ela compreenda onde está o erro e como deve consertá-lo.

A organização do ambiente

Outra responsabilidade do educador do Método Montessori é apresentar a sala de aula e os seus recursos à criança, permitindo que ela se movimente com liberdade para explorar esse “mundo” que ela acabou de conhecer. Para isso, é fundamental que o adulto conheça amplamente como se dá a organização montessoriana.

Assim, o guia demonstra à criança a importância da organização do ambiente onde ela se encontra, explicando como ela pode ter acesso aos materiais, assim como a necessidade de manutenção. Além disso, o educador tem o papel de estimular o senso de cooperação e o cuidado coletivo com a sala de aula.

O cuidador presta atenção em cada detalhe, não só do desenvolvimento da criança, mas também para tornar o ambiente um local rico de possibilidades e, ao mesmo tempo, acolhedor para uma soneca no meio da tarde.

Diferenças entre o professor tradicional e o educador montessoriano

No ensino tradicional, costuma-se colocar o professor em uma posição de detentor único do conhecimento. Na metodologia montessoriana, a dinâmica é diferente. O professor não é quem leva a criança para onde acredita ser o melhor destino para ela, mas permite que ela própria descubra suas preferências e teste seu potencial.

Em uma escola montessoriana, por seguir o princípio da autoeducação, a criança fica com o papel de protagonista. Ao educador, além de ser um facilitador de aprendizados e vivências, cabe se posicionar como um adulto preparado para perceber desafios e indicar como superá-los.

Em uma sala de aula montessoriana, não se espera das crianças que aprendam tudo ao mesmo tempo e de forma padronizada. O educador atua para garantir que cada um se desenvolva ao máximo, permitindo que respeitem sua individualidade a partir do exercício da criatividade, curiosidade, autonomia, capacidade crítica, motora e habilidades sociais.

Dessa forma, o educador montessoriano deve ter sempre em mente que o adulto preparado e o ambiente preparado estão a serviço da criança e do seu pleno desenvolvimento enquanto ser humano e cidadão.

Como um educador montessoriano contribui para um mundo melhor?

Podemos perceber que um educador montessoriano contribui para um mundo melhor de diversas formas. Não apenas as crianças, mas todos ganham um exemplo de alguém que respeita os valores humanos fundamentais para a vida pacífica em sociedade.

São profissionais que, de fato, acreditam que um mundo melhor pode ser conquistado por meio de uma educação que respeite a essência das crianças. Para isso, estão em constante evolução para adquirirem cada vez mais capacidade de observação, criação de hipóteses, raciocínio lógico e elaboração de propostas.

Além disso, são seres humanos que investem em constante autoconhecimento, para saber trabalhar suas próprias emoções e, assim, se tornarem pessoas melhores. Todo educador sabe que, acima de tudo, as crianças aprendem pelo (bom) exemplo.

O educador montessori escolheu deixar para trás a opressão e o autoritarismo que viveu em sua infância, para dar uma oportunidade às crianças de experimentarem um ambiente que é um laboratório de uma sociedade harmônica, dialógica e que respeita as diferenças.

Para concluir, a prática docente Montessori vive para auxiliar as crianças a encontrarem o equilíbrio interior, de forma que esse estado reflita na sociedade como um todo. Uma verdadeira e completamente possível educação para a paz.

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