As crianças de idades diversas trocam conhecimentos de maneira mais eficaz do que acontece entre adultos e crianças. Uma criança de cinco anos está mais conectada com a de três anos, pois estão próximas na forma de entender o mundo. Os mais novos buscam aprender com os de idade mais avançada. Ao mesmo tempo, a criança de cinco que pode orientar um de três eleva sua autoestima e aprofunda seus saberes. Assim temos a constituição de uma micro sociedade, visto que na vida convivemos com pessoas de idades diversas. Além disso, contribui para a compreensão das diferenças subjetivas, servindo de oportunidade para uma cultura escolar solidária e menos propensa a preconceitos de todos os tipos, especialmente ligados ao etarismo e às diferentes formas de saber.
A educação tradicionalmente foca no erro e na correção, ao mesmo tempo que insinua que o professor ou o adulto sabem muito e alcançaram certa perfeição, visto que geralmente ocupam apenas o papel da correção, sem jamais admitir seus próprios erros e limitações. Considerar que cada sujeito possui competências e pode contribuir com o aprendizado do grupo colabora para que a dinâmica de ensino/aprendizagem dispense figuras autoritárias, visto que as crianças e os educadores estão sempre em processo de aprendizado. Assim como o educador pode contribuir com o desenvolvimento da criança, é inegável que o educador aberto à compreensão da sabedoria infantil também tem muito a aprender sobre e com as crianças a partir de suas manifestações na interação diária. Em diversos sentidos as crianças são exemplos a serem seguidos pelos adultos: elas são exemplos de abertura ao diálogo, de postura crítica, de apreciação pela vida, de manifestações autênticas de afeto, de criatividade, de disposição, curiosidade, raciocínio científico espontâneo, desenvolvimento emocional e imaginação, são alguns exemplos marcantes de habilidades geralmente mais ativas em crianças e muitas vezes pouco ativas em adultos.
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